Um novo jeito de fazer documentários: O que é real em “Elena” (2012) (18/05/2017)

Igor Nolasco
2 min readJul 26, 2021

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[Encontrei hoje alguns textos breves sobre cinema que escrevi no começo da faculdade. Considero-os, sob minha ótica atual, simplórios, primários; se apoiam em referências no mínimo canhestras, com um excessivo apego ao roteiro que só pode ser justificado por esta ser minha aspiração profissional à época. O texto a seguir é relativo a esse período.]

Muitas pessoas possuem certo preconceito com documentários pois desgostam do formato. E, de certa forma, tal gênero cinematográfico de fato segue um padrão bem definido. Contudo, é possível inovar mesmo em uma área que parece tão delineada por uma estrutura tradicional, como é o cinema de documentário, e foi isso o que a cineasta brasileira Petra Costa fez em seu filme “Elena”.

A produção reconstrói os anos derradeiro da vida de Elena Costa, irmã de Petra que cometeu suicídio em dezembro de 1990, quando a futura diretora do filme possuía apenas 7 anos de idade e sua irmã, 20. Para isso, o documentário é montado de forma pouco convencional: Narrações da própria Petra, de sua mãe, entrevistas íntimas com amigos e família, reprodução de diários e documentos e até mesmo vídeos gravados pela própria Elena são utilizados para recontar sua história.

Teóricos da área de roteiro como Syd Field costumam dizer que uma cena é mostrada no filme a partir de um determinado ponto de vista. Em “Elena”, a projeção ocorre majoritariamente sob o ponto de vista de Petra, que age como a narradora que costura a história do início ao fim do documentário e apresenta a visão de uma criança inocente sobre a vida conturbada e a morte súbita de sua irmã mais velha.

Eu só parei de chorar quando a projeção terminou e as luzes se acenderam.

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Igor Nolasco

Página atualmente dedicada a reunir minha produção de textos sobre cinema que, hoje, não encontram-se mais disponíveis em seus veículos originais.